Se não ouves do outros o que queres, começa por dizer a ti o que queres ouvir.
Ficamos frustrados quando NÃO nos dizem o que queremos ouvir. As pessoas mais próximas são as que nos frustram mais. Melhor do que ninguém, deveriam saber como falar connosco, certo? Errado! E sabes porquê? Porque são exactamente essas pessoas que nos “picam” e reflectem o nosso diálogo interno.
Como é que isto acontece? É simples:
Pensa naquele momento da tua vida que pensaste em terminar uma relação:
Antes de avançar, falaste com alguém próximo e provavelmente ouviste que precisavas de ter calma, que não tomasses decisões precipitadas, que bem ou mal tinhas uma pessoa, que pagar as contas não é fácil, que em todas as relações há problemas. Se ouviste isto de alguém é porque procuraste a pessoa que te dissesse exactamente o que estavas a dizer a ti própria/o. O medo procurou validação. E encontrou.
Pensa naquele momento da tua vida que pensaste em mudar de emprego:
Antes dessa decisão provavelmente ouviste de alguém que nem tudo é colorido, que em todos os empregos vais ter problemas, que o dinheiro não cai do céu e que muitas das vezes tens de fazer sacrifícios, que trabalhar nem sempre é onde se gosta e que é melhor ter esse dinheiro ao fim do mês do que não ter nenhum, que não sabes o que há noutro lado e que pode ser pior do que já tens, que ter segurança é o melhor. Esse era também o teu medo que procurou validação e encontrou.
Pensa naquele momento da tua vida que decidiste fazer uma viagem sozinha/o:
Falaste com alguém e ouviste dizer que era uma ideia maluca, que viajar sem ninguém é estar completamente sozinho no mundo, que seria melhor deixar passar algum tempo e ver se encontravas alguém para te acompanhar, que não faz sentido nenhum e que te vais sentir sozinha/o. Novamente o medo encontrou a fonte de combustão.
Pensa naquele momento da tua vida que quiseste mudar de casa:
Falaste com alguém e esse alguém disse que não é uma boa hora porque as casas estão a um preço louco, que é melhor estares onde estás porque é menos complicado, que mudar custa dinheiro e não tens. Pronto! Exactamente o mesmo.
Nesses momentos, o teu coração pede para avançar, mas o medo está lá, como aliado ou como adversário.
Fazer desse medo ALIADO é ter consciência para tomar BOAS DECISÕES.
Procuramos as pessoas que nos vão ajudar a ponderar os “prós” e os “contras”. O que for contrário serve para PONDERAR, AVALIAR e AVANÇAR em consciência. Se avançaste, tiveste um momento de coragem. O medo está lá mas foi um grande aliado na tua reflexão.
Continua a ser um aliado se decidiste que irias avançar mais devagar. O medo trouxe-te mais informação.
Fazer desse medo ADVERSÁRIO é deixar que o que os outros dizem seja o mais importante. O medo ganha. Se não perceberes este sistema, permaneces num círculo de decisões.
Temos uma comunicação interna muito forte. Percebendo-a obtemos mais clareza sobre as limitações que causamos a nós próprios.
A mudança é maravilhosa e precisa de ser vivida.
Se NÃO dissermos a nós próprios que:
-
- somos capazes de a concretizar essa mudança
- Vamos encontrar as soluções para os desafios
- Somos suficientemente capazes de viver bem com essa mudança
- Temos tudo o que é necessário neste momento para avançar e que aquilo que não tivermos vamos encontrar
SE ficamos parados nos momentos em que o coração pede para avançar, o que ouvirmos a partir daí é para validar esse enorme adversário que está sempre connosco.
Esse medo instalado precisa de ser alimentado. Não procuramos alguém que nos ajudaria a superá-lo. O barulho interno vicia. Depois, culpamos os outros por não nos ajudarem o suficiente.
- Que comunicação estás a ter contigo próprio / própria?
- O que mais ouves vindo de ti mesma / mesma?
Observa os grandes feitos por pessoas que fizeram diferente.
Essas pessoas avançaram porque a comunicação interna delas alterou-se. Elas diziam a si próprias o que era necessário para avançar. Teriam certamente pessoas que lhe trariam o reflexo do medo, mas elas continuaram porque a sua voz interna foi mais alta do que esse medo. O medo tornou-se aliado.
- Vigia a comunicação interna.
- Escreve exactamente o que gostarias de ouvir, como se estivesses a ouvir de alguém, e
- Percebe se está ou não está alinhado com o teu pensamento.
Cuidar do que dizemos a nós próprios melhora a comunicação que os outros têm connosco, porque é de dentro que essa comunicação vem.